sexta-feira, 18 de junho de 2010

SONHOS POR ARRUMAR



Acorda calma a manhã.
Preguiçosa. A bocejar.
Parece que a força da Natureza
desafia à serenidade
com vontade de tudo arrumar.

O vento preso na brisa amena
adormece as nuvens em suave deslizar.
O sol indolente no raiar
aquieta o brilho provocante do roseiral.
A gata  enrosca-se no seu abrigo
sem vontade de me afagar.

E é então que me apetece arrumar-me.

Sereno as mãos em gestos de seda,
indolentes no versejar.
Arrumo o olhar no casulo da mariposa,
preguiçoso em se soltar.

Parece estar tudo aprumado no seu lugar.
Só restam sonhos e mais sonhos,
alguns muito difíceis de arrumar.

MV

terça-feira, 8 de junho de 2010

SEM NOME



 Não sei o nome desta chuva
densa e negra
que me dói no peito.

E lá fora apenas pinga.

Vergasta o vidrado do peito,
quebra o verniz do olhar,
esgaravata na essência da alma,
sulca feridas desnecessárias.

E lá fora pinga. Apenas pinga.


MV