Por entre as nesgas do tempo
desfiam-se-me recordações
presas aos olhares da infância.
O amarelo das acácias em flor
avivando a luz modorrenta da tarde.
O ar mesclado de odores em contradição
sujando palavras- hoje - já apagadas.
Em tiras de papel
rabiscos de paixões inócuas
guardadas no canto das cigarras.
Palavras e mais palavras escritas
paridas do abecedário feito a carvão.
Águas lisas, marés vivas,
tempestades afundando embarcações.
Enxertos de roseiras bravas
podas de videiras em germinação.
Memórias em olhar de criança
sonhos presos na palma da mão.
MV