O Sol rompeu por entre as nuvens cinzentas
e as minhas lágrimas não secaram.
O poente do sol vestiu-se de framboesa
e a minha boca não se saciou.
Ofereceram-me pinturas em telas
só traziam paisagens vazias.
Caminhei nas vagas de um mar que cobicei
perderam-se-me os passos na espuma esbatida.
Sentei-me sob fios de lua ardente
apagou-se-me a luz do olhar.
Semeei o céu de rosas rubras
ficaram-me os espinhos nas mãos.
Desenhei palavras a régua e esquadro
os poemas não se formaram.
Sorri à vida em sorrisos largos,
ela devolveu-me lágrimas a fio.
Subi montanhas rumo ao céu
o vento arrastou-me para o sopé.
Teci o teu nome com fios de seda
devolveste-me letras de chita.
Mergulhei em conchas secretas
estavam vazias de pérolas.
Tocaram os sinos em dias de festa
ecoaram-me dobres em gemido.
Deitei as tuas palavras juntas às minhas
adormeceram sempre separadas.
Agarro, de punhos fechados, a amizade
junto-a à força da vida
e venço, assim, tanta adversidade!
MV