segunda-feira, 20 de setembro de 2010

VÍCIO


Há noites assim.
Baixam, semeando o canto do rouxinol.
Abeiram-se debochadas
listadas de cheiros apontados ao peito.
Hortelã
Canela
Tília
Cheiros inflamados
a trincar o orgulho
que cai por terra em pedaços.
Esvai-se..e é o ópio da loucura.
Endoidece-se
valsando sonhos em noites de miragem.
Saudades vagueiam… é vício intrincado.

MV

sábado, 4 de setembro de 2010

LEVITAÇÃO



Toquei na vidraça invisível da lua.
Enlaçada no seu brilho de prata,
entrei.
Senti o vigor de mãos a falarem,
tactearam-me olhos  de luz,
acorrentaram-me braços
num abraço de alienação.

Ao infinito, muito infinito
fui chegando sem rota
sem direcção
sem hoje, sem ontem
e sem amanhã.

Acostei a cabeça aos olhos da lua
e adormeci em lençóis de vento.
Caminhei por caminhos desviados da razão
enquanto me esquecia que daí a pouco
podia já não ser nada.

MV