domingo, 30 de agosto de 2009

ACORDAR



Morder os sentimentos até ao osso
para que as palavras comecem a falar
-seja a gemer, seja a gritar.

Que a planície acorde da lassidão
e acordem as mãos que retraio no peito
Que sopre uma brisa musical
e me devolva as cordas do violino
Que as pupilas cresçam nómadas
e descubram novos fulgores para os sentires
na íris, há tanto tempo acomodados
Que o luar me volte a lamber os dedos
e faça estremecer as imagens apagadas no peito.

MV


quinta-feira, 20 de agosto de 2009

VAZIO

foto MV




Madruga a pomba
com os versos adormecidos no arrulhar.
Absorve a atmosfera vazia.

Morre, por instantes, o poeta
quando escreve toda a emoção na poesia?

MV


quinta-feira, 6 de agosto de 2009

SEM TÍTULO (II)


foto MV



Como os dedos pousam leves
nas teclas do piano
a andorinha de asa azul
pousou sobre a pérgola da tarde.

Sonatas vão-se desfolhando…
trespassando a espessura dos sentimentos.

Deixo-me “prostituir”
submissa ao chamamento de Tristesse
enquanto afrouxam os pregos de aço do dia.

O silêncio torna-se livre.
Abro a mão e solta-se a borboleta.

MV