Às vezes basta-me a lua
a descansar no dorso do rio
ou o poente a imobilizar a planície.
Um riacho vagabundo
a adormecer um dossel de ervas
ou o rebentamento de uma aragem morna
a escorregar do azul inocente do céu.
Às vezes basta-me o dia a abrir-se
com lassidão
ao tenro botão de rosa.
Que imensa e pura beleza!
Apetece-me aplainar
as irregularidades que trago na alma,
ocultar todos os receios nas pálpebras.
E logo nos olhos me bailam danças
em que as asas feridas
se soturam com fios de alegria.
MV
4 comentários:
Apetece-me aplainar as irregularidades que trago na alma,ocultar todos os receios nas pálpebras.
Também a mim me apetece... muitas vezes.
Querida Marta, achei o teu poema soberbo. A tau maneira de fazer poesia é sempre inteligente e esclarecida. Para além de poeticamente consistente.
Boa semana, beijos.
Marta, querida!
Adorei este teu poema! Soube bem interiormente! Já há muito que não visito os blogues e o meu sorriso não sabe disfarçar este deslumbramento de te ler outra vez!
Muitos beijinhos*
Fanny
Belíssimo poema, de uma simplicidade maravilhosa, tocando-nos ténue mas profundamente; maravilhosos os versos "basta-me a lua a descansar no dorso do rio" -imagem poderosa de encanto.Tudo de bom.
Ola Marta! Declamaste em palavras o que para mim tambem tantas vezes basta. Quantas vezes estes momentos valem mais do que mil voltas no meio de multidoes. Tantas vezes o quanto e' recompensador abrir o dia apenas com isto... apenas? Isto e' muito, e' vida, sentimento... parabens nao so' pelo poema, como pelo o olhar que te levou a ver e sentir o que decreveste
fernanda
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