sábado, 27 de fevereiro de 2010

ESPERANÇA


O bairro já adormeceu
A lua vela-lhe o sono

O peito acorda
em roseiras podadas

O vento em fúria engaiolado
Repouso dos sentidos fatigados

Um rasgo em sombras densas
A pele velha dos dias esfoliada
regenerada com loção florida

Com vagar
regatos de luar
correm em surdina
prenunciam outro dia
debulham palavras e sentidos
e inscrevem
neste velar clandestino
que numa queda
nem sempre se partem
as cordas do violino.

MV

12 comentários:

Fatima disse...

Fantástico,
Completo,
Lindo na tristeza,
Sóbrio na realidade.

Bjo
Fatima

A.S. disse...

Marta Vasil,

Belo Poema!
Ainda que as cordas do violino se partam, ficará a sua melodia gravada na memória...

Um beijo
AL

Sonia Schmorantz disse...

Muito bonito este poema, fala de um sentir que gostaríamos de saber dizer também.
Beijos, lindo domingo

p.s. gostaria que fosse conhecer o blogger onde escrevo, o Ilha da Magia

http://schmorantz.wordpress

Tua opinião é sempre importante para mim, desde o início, lembra?

Nilson Barcelli disse...

Belo poema, querida amiga.
Com ritmo e musicalidade. Soa muito bem, de resto. E as imagens poéticas são magníficas.
Gostei imenso.
Um beijo.

CarlaSofia disse...

Olá Martinha, após algum tempo retorno a este mundo de palavras mágicas que nos transportam ao sentimento. A esperança ainda que apenas uma réstia será sempre o suporte de todas as acções.
beijinhos*
~universosquestionáveis~

BC disse...

Temos que encarar as realidades mas o sofrimento existe, mas como dizes e muito bem há que ter esperança e as cordas do violino nem sempre se partem, bela imagem.
Beijinhos

José Marinho disse...

"regatos de luar", verso maravilhoso num poema com ritmo certíssimo, uma respiração orgânica de uma pessoa de sensibilidade rara. Mais uma vez um final como só tu sabes. "Esperança" é o que nos resta; uma esperança que não seja passiva. Um telurismo contido e sentido. Bravo, Marta! Abraço. José

vieira calado disse...

"Com vagar
regatos de luar"

é muito interessante.

Bjs

CarlaSofia disse...

Martinha, deixo aqui uma flor para ti. Mantém viva a esperança dentro de ti.
beijinhos*

Aníbal Duarte Raposo disse...

Olá Marta,

Efectivamente assim é. Se a música agradou fica no ouvido mesmo depois da queda.

Lindo poema.

Beijos

A.S. disse...

Marta...

Os raios de luar são as cordas do violino que compôem a melodia que descerram as pálpebras nos teus olhos... sorrindo!

Beijos
AL

Eu disse...

Querida Marta é com imenso prazer que recebi suas palavras em meu blog...
Bom voltar aqui e respirar o ar poético de suas palavras!
Aproveite bastante o fim de semana!

Beijos com meu carinho