terça-feira, 27 de abril de 2010

ENVELHECER


Se não estivessem tão flácidos
estes dedos do tempo,
ainda seguravam a Primavera
das acácias em flor.
Agora arrastam-se, quase
folhas de nervura seca,vindas
passo a passo, de tão longe.
Oiço-te ainda rio. Oiço
no teu canto orvalhado
esse desejo de mitigar a sede
entre a  ternura da folha seca
e o  vermelho das rosas,
 respirado.
É o tempo da cor intermédia
entre o preto do verso completo
e a audácia de uma estrofe a voar.
Chega Abril, de muito longe,
cada vez mais rente ao chão.
Já ofega sobre as ervas, este tempo
de mãos descaídas. Rastejadas.
É o vilão do verde das colinas
lâmina que penetra
neste  tempo de rosas desmaiadas.


MV

8 comentários:

guvidu disse...

uma lua-poesia quase sem magia? ai ai ai toca a arribar pelo poetar, pois envelhecer não significa apenas morrer...é tb sabedoria adquirida pelo silencio (d)a dor, quando os sorrisos e as lagrimas são misteriosos trilhos do coração.

fIca bem, maRTA ;)
bj luz e paz

Fatima disse...

Envelhecer é parar de lutar...como costumo dizer, não existe idade mas sim VIDA.

GBjo, uma boa semana
Fatima

Tentativas Poemáticas disse...

Olá Marta

PARABÉNS. Muitas Felicidades.
Um delicioso poema para partirmos em fatias e saborearmos calmamente, porque o tempo pode esperar.

Beijo
António

José Manuel Marinho disse...

Belíssimo poema, Marta. Belo! Do melhor que tens feito. Um início deslumbrante que agarra quem lê. Que a flacidez não chegue nuca aos nossos corações. Fazes-me uma visitinha? Abraço.

Sonia Schmorantz disse...

Lindo poema, mas enquanto houver vida, mesmo que se arraste, ainda há de ter primaveras..
beijo

Anónimo disse...

Belíssimo poema! Envelhecer é uma lição que se aprende com os anos e com a magia dos gestos.
Parabéns por este belo momento!

Beijinhos***
Manuela Fonseca

Aníbal Duarte Raposo disse...

Lindo poema.

Não te esqueças que saber envelhecer é uma arte.

Beijos

A.S. disse...

Marta,

Lindo o teu poema!
Também falo da Primavera... :)


Beijo
AL