sábado, 9 de maio de 2009

UTOPIA

imagem cedida por Isabel Monteverde



Revolvo na terra cinzas caladas

digiro e rumino ecos passados

que um dia correram nas insónias do vento.

Sentada em burocracias que me encurralam

pressinto que a linha do tempo

então feita de relva e grama

vai ser marcada a ferro e fogo

na fragilidade de um momento.

E recuando na memória de rosas em botão

ergo esse momento na luz da utopia

amordaço as leis da lógica e agarro o horizonte

sabendo que é migalha de ilusão

saída da cratera de mais um dia.


MV

11 comentários:

CarlaSofia disse...

É lindo ver como brincas com as palavras, usando-as para descrever sentimentos. Interpreto este poema como um regresso de memórias adormecidas. Muitas vezes temos de regressar ao passado para resolver questões presentes, embora o passado não se repita e a memória seja apenas isso - imagem difusa de um sentimento que se renova....
beijinhos e um bom fim de semana
beijinhos

Sonia Schmorantz disse...

Querida Marta, é indescritível essa energia de afetos que vem até nós, quando os amigos se tornam solidários e com toda sinceridade do mundo desejam o melhor para nós. Senti isso enquanto acompanhei minha mãe durante quase uma semana no hospital. Não tive acesso a computadores, mas agora, com calma, gostaria de abraçar cada um de vocês, para poder demonstrar o quanto essa energia foi vital.
Um grande beijo por tudo, que tenhas um lindo final de semana.

BC disse...

Dias que amordaçamos, e retiramos das cinzas, na certeza ou incerteza de que mais um dia sempre virá.
Bom Fim de Semana
Isabel

poematar disse...

Sabes que não conheço nada bem o Alentejo e adorava conhecê-lo?...Aliás conheço muito mal o meu país. apesar de gostar de viajar, as viagens para mim são um dor; estranho mas é verdade - é quase uma doença. Sim, já reparei que de vez em quando dás um salto e gritas, mais do que que rebeldia, mais do que ternura, mais do humanidade; parece que o teu corpo e o teu ser se ergue m acima de tudo e todos. E eu gosto disso. Adoro. Não agradeças ter-te proporcionado o que viste. É meu dever divulgar a cultura do meu país. O teu poema, para além de belo é bom;limito-me a subscrever e lembrar estas tuas palavras nele contidas:"E recuando na memória de rosas em botão ergo esse momento na luz da utopia amordaço as leis da lógica e agarro o horizonte sabendo que é migalha de ilusão saída da cratera de mais um dia."
Beijinhos deste atrapalhado com trabalho

☆Fanny☆ disse...

Querida Marta!!!

Como eu entendo as tuas palavras!Cada vez nos afundamos mais na futilidade a que nos obrigam...

Destaco este pedacinho que me tocou particularmente: " agarro o horizonte sabendo que é migalha de ilusão saída da cratera de mais um dia."

Migalhas...talvez, mas são pequenos prazeres que nos revigoram e nos incitam a continuar a viver.

Beijinhos*

lua prateada disse...

É lindo sim parece não ter fim quando se olha ao longe...
Fica aqui o desejo de um lindo fds. vamos apreciar as pequenas coisas, pois um dia, talvez olhemos para trás e descubramos que foram essas as grandes coisas.
Beijinho prateado

SOL

utopia das palavras disse...

É bom viver cada dia no alívio de um sonho...!

A foto está fantástica!

beijo

ARTISTA MALDITO disse...

Olá Martita

"Agarrar o horizonte", assim se desloca o sonho em direcção ao futuro.

Essa esperança renascida devolve à visão a perspectiva de um infinito que pode muito bem nascer das cinzas, ou de um lugar à espera de ser real.

E a utopia nasce e permanece!

Beijinhos e um excelente início de semana, (chove no Porto:((

Isabel

BC disse...

Martinho hoje venho só para dizer-te para ires levantar aos SORRISOS,um premiozito.
Beijo

iILÓGICO disse...

isto é ...
poesia!

linda!

bju-te

José Manuel Brazão disse...

Para ti, minha querida Marta:

“ Procuro na utopia … ser feliz “

Procuro sonhando
o que não encontro acordado.
Sonho com a vida
que me falta conhecer;
Sonho com as pessoas
que amo em silêncio
e que quero ajudar:
amando!
Sonho com as pessoas
que me ouçam,
me entendam.
É bom sentir-me vivo,
olhando para trás
e vendo
que não posso viver
um novo começo,
mas que posso viver
um novo fim.
Procuro na utopia,
a esperança
de ser feliz,
serenamente …

José Manuel Brazão