sábado, 3 de outubro de 2009

INTERPRETAÇÃO


Sempre o amor se escreveu em textos.

Com verbos presentes, futuros ou passados
palavras que acordam a rir em cada instante
ou adormecidas com os olhos cansados.

Com advérbios de lugar e de tempo
onde o amor espreita por frestas embriagadas
ou à noite se deita em lençóis de lamento.

Com substantivos concretos e abstractos
em palavras de nítida caligrafia
ou em palavras que falam a língua dos astros.

Com adjectivos perto ou longe do coração
para qualificarem as inúmeras palavras
que enchem o côncavo da mão.

E assim o amor se compõe em textos
tão gramaticalmente correctos.

E revista a pontuação
acontece uma e outra leitura
a que não conseguimos dar interpretação.

MV

19 comentários:

CarlaSofia disse...

O amor sempre foi fonte de inspiração, mas continua a ser um mistério, por isso é tão difícil interpretá-lo.
beijinhos e bom fim de semana*

entremares disse...

"E revista a pontuação
acontece uma e outra leitura
a que não conseguimos dar interpretação. "

É assim o amor... a razão a tentar, inutilmente, dar cartas... e o coração, subtilmente... a jogar.

É sempre assim, não é?

Um óptimo fim de semana para ti.
Rolando

Abraço-te disse...

Cada um como cada qual...
seja de forma ou feitio ou interpretação...

Abraço-te

Maria Emília disse...

Marta, obrigada pelas palavras que deixou no talqualsou. Queria dizer-lhe que, para mim, orar, é exactamente aquilo que fez por palavras.
Um beijinho,
Maria Emília

fas disse...

Um belo poema, com um final muito bem achado, muita coerência lírica, se é que podemos falar assim. E exato quanto àquilo de que fala. Também sinto (ou penso) as coisas assim.

José Manuel Marinho disse...

O amor foge às interpretações; palavra difícil, quanto o gesto, muito mais ainda no tempo que corre. Tudo de bom.

Jacque disse...

Que lindo poema! Adorei teus escritos, tão somente poesia. Sigo-te agora. Venha conhecer o poética, serás bem vinda.

Abraço,

Jacque

BC disse...

Completamente de acordo mas por vezes impôe-se, vou tentar não fazer interregnos tão prolongados, acho que estou a precisar de novo das palavras.
Beijinhos
Isabel

Fatima disse...

É impossível ficar indiferente a esta tua Interpretação!O amor pode assumir várias facetas, várias formas, várias emoções.

Simplesmente belo,
Bjo
Fatima

José Manuel Marinho disse...

Olá! Para variar, estou com uma infecção nos ouvidos, retido em casa, por isso a Formação vai devagar, começa, espero já estar bom, dia 21. Obrigado pela tua atenção. Abraço.

Nilson Barcelli disse...

A interpretação dos poemas, por vezes, é relativamente subjectiva.
Tal como a do amor...
Cada caso, é único e irrepetível. Na poesia e no amor.
Belo poema querida amiga, gostei imenso.
Beijos.

praia da lua disse...

re.interpretar o amar significa descortinar as teias do existir...adorei as tuas metáforas! bj grnd luz e paz :)

BC disse...

MARTITA Ou....
Passei hoje para um beijinho, vemo-nos ou aqui ou no Face.
Isabel

Sonia Schmorantz disse...

Falar de amor é tão mais fácil...difícil é vivê-lo como se merece, nem tão correto, nem tão bonito, nem tão feliz as vezes, mas com aquela magia que faz acordar a vida!
Beijos, lindo final de semana

utopia das palavras disse...

O Amor com todas as letras...e com todos os olhares!

um momento bonito!

Beijo

Daniel Costa disse...

Marta

Poema de garra e força de alma, tal como canta, ou cantava Pedro Barroso que tens, capa de livro ao lado.
Ritmo e boa batida, tal como aprecio.
Agora a minha poesia, está num novo milagre, no mesmo painel.
Beijos,
Daniel

Diogo Rugeiro disse...

Ola Marta, tudo bem?
Tinha uma duvida que espero que me podesses clareficar. Gostava de saber se já participaste nalgum concurso de poesia, ou se sabes onde e quando custumam decorrer?
(se poderes responder no meu blog, agradecia)
Obrigado, bj

Eu disse...

O amor nossa mais bela fonte de inspiração!
Prova disso são as suas palavras aqui!
Um beijo carinhoso e com saudades!

BC disse...

Martinha não sou só eu que ando parca em palavras que se passa???
Anda tudo longe tenho saudades ,mas no fim eu própria também me afastei, mas não deixo de ter as minhas , espero.
Beijinhos R
Isabel