segunda-feira, 28 de março de 2011

CÍRCULOS DA NOITE


Quatro invernos de estátuas passados
enquanto as mãos rasgaram caminhos
talvez a cumprirem penitência.

No mistério das sombras
ela solta a língua:
lua lírio brisa
veleiro sonho.
Diz qualquer coisa.

O eco solta-se contra o tempo
morde-a e ri
ri até que as gargalhadas assustem os pássaros
e a levem enjeitada nas asas.

A lua nasce desassossegada
entoa brilhos desconcertantes
e o perigo rompe nas noites.

Deixa-se seduzir
nos círculos que a noite desenha.

A poesia exacerba-lhe os desejos das mãos
e depois corrompe-lhe a dureza da razão.

MV

7 comentários:

tecas disse...

A poesia escorre pela lua...com uma beleza impar.
«O eco solta-se contra o tempo
morde-a e ri
ri até que as gargalhadas assustem os pássaros
e a levem enjeitada nas asas»
No « Círculo da noite» encontrará pirolampos brilhantes como as estrelas no céu. E não mais as gargalhadas assustarão os pássaros.
Bjito e uma flor.

Armando Sena disse...

Que fortes os dois últimos versos...que belo poema.
Um triunfo do desejo.
Parabéns

Rafael Castellar das Neves disse...

Terminou arrebentando!!

Concordo com essa dureza da razão!

Muito bom...

[]s

Secreta disse...

Adorei estas tuas palavras :)
Beijito.

Nilson Barcelli disse...

Fabuloso.
A tua poesia é de elevadíssima qualidade. Parabéns.
Beijos.

Rosinha disse...

Adorei, está perfeito, está belo este poema, beijinhos :-)))

Mel Almeida disse...

Lindo...lindo!