sábado, 20 de setembro de 2008

PARCÓMETRO DA VIDA

Reflexão de mais um acordar


Aquela flor que eu hoje tinha para te dar

ficou presa em jaula de florista

com lágrimas a deitar.

Não tive tempo de a comprar.

Recolhi à pressa o olhar

não percebendo a dor da lágrima

vincada no teu rosto e, por mim,

há tempos, a implorar.

Não tive tempo de nela reparar.

Não levantei o braço para te fazer adeus

e fiz dos meus lábios múmias,

em recusa de te sentir.

Não tive tempo para te sorrir!

Não tive tempo!

Adiei o tempo para amanhã!

É que naquela praça

que eu hoje vi ao acordar

está instalado um parcómetro

que sem eu saber

me diz o que hei-de ou não fazer.

Se eu a ele me recusar

tenho às costas uma multa

que eu, mesquinhamente,

não quero pagar.

Esta caixa de metal

em que hoje reparei

é, afinal, o parcómetro da vida

que insiste em traçar o caminho

do que eu tenho que fazer.

Não há tempo para pensar…

o parcómetro está a contar

e eu não tenho tempo

para uma multa ir pagar.


Inteligente o Homem que inventa máquinas que nos engolem o tempo, que nos atam as mãos, os olhos, o coração?

E se nos deixarmos controlar por este parcómetro da vida, não será mais alto o preço da multa que, um dia, iremos pagar?


MV

1 comentário:

f@ disse...

Estacionar assim não é falta de tempo ... nem adiar apenas... mto + que parar ... um medo de continuar... o travão colado...

é hoje e já que tem início a viagem...
beijinhos das nuvens