Reflexão de mais um acordar
Aquela flor que eu hoje tinha para te dar
ficou presa em jaula de florista
com lágrimas a deitar.
Não tive tempo de a comprar.
Recolhi à pressa o olhar
não percebendo a dor da lágrima
vincada no teu rosto e, por mim,
há tempos, a implorar.
Não tive tempo de nela reparar.
Não levantei o braço para te fazer adeus
e fiz dos meus lábios múmias,
em recusa de te sentir.
Não tive tempo para te sorrir!
Não tive tempo!
Adiei o tempo para amanhã!
É que naquela praça
que eu hoje vi ao acordar
está instalado um parcómetro
que sem eu saber
me diz o que hei-de ou não fazer.
Se eu a ele me recusar
tenho às costas uma multa
que eu, mesquinhamente,
não quero pagar.
Esta caixa de metal
em que hoje reparei
é, afinal, o parcómetro da vida
que insiste em traçar o caminho
do que eu tenho que fazer.
Não há tempo para pensar…
o parcómetro está a contar
e eu não tenho tempo
para uma multa ir pagar.
Inteligente o Homem que inventa máquinas que nos engolem o tempo, que nos atam as mãos, os olhos, o coração?
E se nos deixarmos controlar por este parcómetro da vida, não será mais alto o preço da multa que, um dia, iremos pagar?
1 comentário:
Estacionar assim não é falta de tempo ... nem adiar apenas... mto + que parar ... um medo de continuar... o travão colado...
é hoje e já que tem início a viagem...
beijinhos das nuvens
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