quinta-feira, 6 de novembro de 2008

MÃOS CANSADAS


Cachos de folhas vindimadas pelo vento

misturadas em murmurejos inatingíveis

pintando o ar de amarelo-castanho.

Cada folha, uma vertigem, a carregar um sentimento.

Cansam-se. Falta-lhes o fôlego.

De macieza em punho, pousam no chão da terra.

Aconchegam-se na cama das outras já adormecidas.

E aí jazem sem vigor

finalmente desprendidas de qualquer sentimento

num destino traçado por linhas de ninguém.

E as minhas mãos cansadas de tanto cacho colherem!...


MV

10 comentários:

nas asas de um anjo disse...

q lindo...triste...e profundo!

adorei estas palavras:

"Cada folha, uma vertigem, a carregar um sentimento. Cansam-se. Falta-lhes o fôlego. De macieza em punho, pousam no chão da terra. Aconchegam-se na cama das outras já adormecidas. E aí jazem sem vigor finalmente desprendidas de qualquer sentimento "

bjs e resto de um dia feliz feliz

Tentativas Poemáticas disse...

Que saudades me provocou este lindo poema. Costumava, todos os anos, ir ajudar o meu saudoso sogro a vindimar, no Ribatejo. Era tradição as pessoas serem obrigadas a cantar enquanto vindimavam. Quis saber porquê. Muito simples a explicação: enquanto cantavam as pessoas não comiam as uvas.
Beijo com ternura.
António

Daniel disse...

Marta Vasil

Estamos no Outono! Sem o explicitares, o texto refere-se a esta quadra do ano, se bem observado.
Como o Outono, é uma Estação, pelo menos, os meses de Outubro e Novembro, olhando talvez uma certa nostalgia, me agradam. Agradou-me o que escreveste.
Beijos,
Daniel

Anónimo disse...

amei sua poesia;
apesar de parecerem ser forças e sem fôlego ;seus últimos suspiros ainda encontram beleza ,uma energia alaranjada ;como bem definiste a cor amarelo-castanho;como quem buscando ou exalando ainda energia prá dizer-nos:Há tempo para tudo!Agora é o teu ;de desfrutares o sabor;de te esqueceres dos calos nas mãos ;de sentir o aroma eo perfume do fruto ;de embriagar-se de alegria.Aproveite e viva cada tempo ;pois cada um deles é único como cada folha que repousa ainda que na mesma cama.!
Beijos!
Gostei de vir aqui!

Delfim Peixoto disse...

Um misto de alegria e tristeza/cansaço mas com sabor a poesia

Anónimo disse...

naturezas... belas, tristes e reais.
boas escritas
abraço
António

Unknown disse...

E com as mãos bem aconchegadas construíste um belo poema!

Beijinhos

Anónimo disse...

Obrigada pela neve em meu blog ;apesar das mãos cansadas ...fui acometida de alegria e surpresa quando em minha janela tal como uma criança jogaste uma bolinha de neve (estou me referindo ao seu primeiro poema!)
Obrigada pela visita...Volte muitas vezes!

José Manuel Brazão disse...

"Mãos cansadas" mas conserva-as para continuares a poesia deslumbrante que crias. Tens o dom da palavra!

Beijinhos

Leontina Marques disse...

Mãos cansadas,mas mesmo assim a escrever lindas poesias.Parabéns!!!!!
Beijinhos