sábado, 1 de novembro de 2008

O CANTAR DOS PARDAIS


Um vendaval de voz plangente

trouxe uma neblina densa de fuligem

cheia de cantares de pardais.

E não os vejo.

Não vejo o brilho do teu olhar.


Apoio os cotovelos mutilados

no parapeito da velha janela

vendo partir o sorriso da tuas mãos.

E não vejo o cantar dos pardais.


Alongo o olhar por entre a neblina

que me cega da cor e da fragrância

das flores que não me deste.

E não vejo o cantar dos pardais.


Perdeu-se o azul íntimo do céu

o anil arroxeado do poente do sol

o sabor perturbador das tuas palavras.

E não vejo o cantar dos pardais.


Não vejo nada.

É como se uma cortina preta

se desfraldasse pelas mãos do vento

tapasse o dia com manto negro

tapasse o meu olhar faminto de afago.


Sumiram-se as letras

do cantar terno dos pardais.


MV

9 comentários:

nas asas de um anjo disse...

e qdo a ternura se vai...o chilrear intenso do amor esvanece-se...em solidão, e dor, aqui tão bem descritas!

bjs e acredita q melhores dias virão

Delfim Peixoto disse...

mas nem ficaram as entoações?

f@ disse...

Melodia no olhar… en canto de chilrear este poema de piu piu em silêncio...

Beijinhos das nuvens

mundo azul disse...

...belo e triste o seu poema, amiga!

Beijos de luz e o meu sincero carinho...

vieira calado disse...

O poema é de esperança, no fundo...
Um dia, quando menos espera, aparece o pardal que procura...
Bjs

lua prateada disse...

Triste mas belo...é assim a alma do poeta...
Beijinho pratead
SOL

impulsos disse...

Um dia destes, quando menos esperares, ouvirás um chilreio vindo do lado de fora do parapeito da tua janela... correrás então para lá e verás que lindo é e que bem que canta, o pardal lá poisado...

Beijo

Daniel disse...

Marta Vasil

O mote é bem achado e a poesia sesulta maesmo.
Posso dizer, gostei!
Beijos,
Daniel

Leontina Marques disse...

Parabéns,está divino,Adorei.Beijinhos