Um vendaval de voz plangente
trouxe uma neblina densa de fuligem
cheia de cantares de pardais.
E não os vejo.
Não vejo o brilho do teu olhar.
Apoio os cotovelos mutilados
no parapeito da velha janela
vendo partir o sorriso da tuas mãos.
E não vejo o cantar dos pardais.
Alongo o olhar por entre a neblina
que me cega da cor e da fragrância
das flores que não me deste.
E não vejo o cantar dos pardais.
Perdeu-se o azul íntimo do céu
o anil arroxeado do poente do sol
o sabor perturbador das tuas palavras.
E não vejo o cantar dos pardais.
Não vejo nada.
É como se uma cortina preta
se desfraldasse pelas mãos do vento
tapasse o dia com manto negro
tapasse o meu olhar faminto de afago.
Sumiram-se as letras
do cantar terno dos pardais.
MV
9 comentários:
e qdo a ternura se vai...o chilrear intenso do amor esvanece-se...em solidão, e dor, aqui tão bem descritas!
bjs e acredita q melhores dias virão
mas nem ficaram as entoações?
Melodia no olhar… en canto de chilrear este poema de piu piu em silêncio...
Beijinhos das nuvens
...belo e triste o seu poema, amiga!
Beijos de luz e o meu sincero carinho...
O poema é de esperança, no fundo...
Um dia, quando menos espera, aparece o pardal que procura...
Bjs
Triste mas belo...é assim a alma do poeta...
Beijinho pratead
SOL
Um dia destes, quando menos esperares, ouvirás um chilreio vindo do lado de fora do parapeito da tua janela... correrás então para lá e verás que lindo é e que bem que canta, o pardal lá poisado...
Beijo
Marta Vasil
O mote é bem achado e a poesia sesulta maesmo.
Posso dizer, gostei!
Beijos,
Daniel
Parabéns,está divino,Adorei.Beijinhos
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