quinta-feira, 7 de agosto de 2008

PRISIONEIRA

Algemei-me sem a minha permissão
sem cúmplices… ou talvez não.
Algemei a geografia do meu dia a tempos de espera.
Amarrei as palavras que não queria
ao traço dos meus poemas.
Prendi-me ao silêncio da noite sem portas
às histórias gaguejadas a medo pela lua
à incerteza das palavras regressadas.
Em vão tento tirar as algemas de aço e de fel secreto.
Ecoam gritos em desassossego.
O olhar esvoaçou pelo tempo cansado.
Passos perderam-se em sendas por encontrar.
Apertei as algemas sem o saber.
Aprisionei-me nos dias sem luz
nas cartas com tanto por contar
no túmulo inacessível ao peso dos olhares.
Aprisionei-me.
Doem-me os pulsos macerados pelas algemas
que me apertam no presente e no futuro.
Enquanto as algemas não tirar
sou prisioneira a resgatar.

MV

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