terça-feira, 26 de agosto de 2008

GRITO


Cai a tarde do andaime que a segura
esvoaçam as penas dos pardais
em rolos de vendaval
mancham o ar borboletas sem asas
apaga-se o sol na poeira formada
fogem aturdidas as cores das gardénias
fica prostrado o verde das árvores.
Ergo a minha sombra
com uma força desconhecida.
Agarro a tarde e sento-a no regaço.
Chamo os pardais
as borboletas
o sol
as flores
as árvores
e num rugir de leoa enfurecida grito:
“Ninguém me ata as mãos!
Ninguém me vence pelo cansaço!”

E a tarde brilha no meu regaço.

MV


1 comentário:

f@ disse...

Grito imenso esse que dá um brilho único ao céu...
que todas as manhãs e tardes e noites... brilhem no teu regaço
beijinhos das nuvens