sexta-feira, 8 de agosto de 2008

PALAVRAS - II

Palavras em preto
na planície do branco desguarnecido,
lapidadas com discos de cristal
sorvidas com a força da espera.
Foram nascente de fonte
em correria contra o tempo.
Foram sal num manjar oriental
numa rota de especiarias.
Foram ramo de papoilas e trigo
em mão de noiva perfumando o altar.
Foram taça de cerejas de vermelho a abrasar
na vitrina expoente de um pomar.
Foram desfilando agitadas
nas rugas desenhadas pelo tempo.
Pararam.
Abrigaram-se num retiro de intimidades
aninhando-se em sossego.

MV

1 comentário:

José Manuel Brazão disse...

Leio muitos poemas, mas - no Luso-Poemas não posso esccrever isto - em larga maioria escritos por mulheres.
Há uma inspiração e uma sensibilidade muito distintas relativamente aos homens.
Vocês criam imagens tão facilmente que eu delicio-me e encanto-me enquanto vos leio!
Este poema primoroso é um exemplo.
Deixei-me ir... Porquê? As imagens levaram-me!
Beijinhos